A Taça de Portugal é uma competição com uma mística muito própria, por emparelhar equipas de escalões diferentes o que permite que, por vezes, surjam os chamados “tomba-gigantes”. As equipas dos escalões inferiores, teoricamente menos apetrechadas, transcendendo-se, ultrapassam por vezes adversários a militar em escalões superiores.
Era esta a expectativa dos adeptos do Condeixa que, a jogar no seu reduto, prometia fazer a “vida negra” à equipa maçaense a militar no Campeonato de Portugal. A equipa de Condeixa, do distrital de Coimbra, onde na época transacta foi segundo em igualdade pontual com o promovido Oliveira do Hospital, é o detentor da Taça da Associação de Futebol de Coimbra. Entrou melhor no jogo o Mação, a jogar a toda a largura do terreno, com os alas bem abertos e a procurar o homem mais adiantado, Sérgio. Foi dele a primeira oportunidade de golo.
Na sequência de um livre uma cabeçada colocou à prova o guarda redes Manu. O cronómetro assinalava os cinco minutos de jogo. Pouco depois, aos oito minutos, Tiago Vieira tirou toda a gente da sua frente e ao tentar ultrapassar Manu fez falta atacante. À passagem dos dez minutos a equipa da casa começou a sacudir a pressão e uma sucessão de cantos testou Renan, a estrear-se na baliza do Mação.
Patrick estava muito activo no flanco direito do seu ataque e numa arrancada em velocidade foi derrubado, já dentro da área e o árbitro de Aveiro, Daniel Cardoso, apontou a marca da grande penalidade. Da marca dos onze metros Sérgio não vacilou e abriu o activo para o Mação.Não demorou o Condeixa a reagir e no minuto seguinte, após uma perda de bola de Gonçalo Lélé para o experiente Rui Pereira, o avançado surgiu na cara de Renan que não agarrou o esférico derrubando o seu oponente com os pés. O árbitro entendeu que o guarda redes jogou primeiro a bola e mandou prosseguir.
Renan voltaria a estar no centro das atenções, aos 18 minutos, ao defender um bom remate de Hugo Oliveira após excelente transição da equipa conimbricense. A equipa treinada por Pedro Ilharco estava mais atacante, espreitando o Mação uma chance de lançar a velocidade dos seus alas.
O Condeixa tentava chegar ao golo de toda e qualquer forma. Aos 27 minutos Rui Pereira ensaiou o remate de meia distância e valeu a atenção de Renan que defendeu para canto.A equipa da casa jogava a toda a largura do campo e ia valendo a atenção da defesa da equipa da Capital do Presunto para suster o caudal ofensivo.
Aos 29 minutos Simão Moreno teve ceder um livre, perigoso, à entrada da área, descaído pelo lado esquerdo do ataque do Condeixa. A bola bem colocada no coração da área encontrou André Jorge solto de marcação e este cabeceou restabelecendo a igualdade.
O Mação pareceu acusar o golo e a seu reduto mais recuado passava por dificuldades.À passagem da meia hora Leo ensaiou o remate de longe mas por cima do travessão.
Leo queria ficar ligado à história do jogo e numa rápida transição, aos 35 minutos, a bola enviada pelo guarda redes Manu teve em Leo o melhor tratamento. Com dois colegas na ala a pedirem o esférico Leo “partiu” os rins aos dois centrais maçaenses e à saida de Renan enviou o esférico, pelo meio das pernas, para as redes.
Um golo formidável que beneficiou do mau posicionamento defensivo do Mação. A equipa de Condeixa passava para a frente do marcador com dez minutos para jogar no primeiro tempo. O Mação não se conformou e assistiu-se a um jogo rápido, com a bola a rondar ambas as balizas.
Aos 40 minutos Bruno Lemos esteve perto de marcar, num remate cruzado, defendido por Manu com uma “sapatada” para canto. No minuto seguinte apareceu o “caso” do jogo.Numa bola dividida entre Patrick e Dani Alves o jogador dos “amarelos” ficou no chão, queixoso. O árbitro, numa decisão no mínimo polémica, mostrou o cartão vermelho direto ao jogador de Condeixa.
Grande contrariedade para Pedro Ilharco com toda a segunda parte para jogar em inferioridade numérica. Pouco depois chegou o descanso com o Condeixa a vencer, com justiça mas com menos uma unidade para enfrentar o segundo tempo.
O segundo tempo prometia um Mação mais atacante, com o Condeixa na expectativa, espreitando uma oportunidade para o contragolpe. João Torcato deixou Litos, um médio defensivo, no balneário e lançou Miguel Luz no jogo, ampliando a sua frente de ataque. Logo no segundo minuto após o recomeço Patrick foi mais uma vez à linha de fundo cruzar para Lucas que chegou um tudo nada atrasado.
Os ataques da equipa maçaense eram inconsequentes e o Condeixa ia tentando a sorte. Primeiro por Leo, aos 54m, de muito longe, para defesa segura de Renan. Depois por Rui Pereira, aos 57 minutos, já dentro da área, para fora.
À hora de jogo Rui Pereira esteve de novo em foco. Ganhou sobre Araújo, enquadrou-se e rematou fortíssimo. Renan executou uma enorme defesa e o lance gorou-se.
Aos 66 minutos Lucas rematou ao lado e cinco minutos depois a ameaça foi na outra baliza. André Gonçalo, acabado de entrar rematou por cima. Com meia hora de jogo no complemento Lucas Reis arrancou um perigoso centro remate com o esférico a acabar nas luvas de Manu. Três minutos depois, aos 78, o Mação chegou ao almejado golo. Com os protagonistas do costume. Patrick arrancou um excelente cruzamento a servir Sérgio que não perdoou e, bisando na partida, deixou tudo empatado no que ao resultado dizia respeito.
O Mação sentiu que poderia aproveitar o cansaço físico e psíquico do adversário e como José Torcato já havia colocado “a carne toda no assador”, tirando Lélé e Araújo para a entrada de Tenta e Marchão passou a ter apenas um objectivo: o “assalto” à baliza de Manu. E poderia ter chegado ao golo cinco minutos depois, aos 83, numa boa jogada envolvendo vários jogadores. Com Manu batido e com a bola a encaminhar-se para a linha fatal o jovem Marchão com a sofreguidão de marcar deu o toque final… em posição irregular.
Perante o desespero do “staff” maçaense o árbitro interrompeu a jogada e assinalou o fora de jogo. Esteve bem… Este lance foi o abrir da “caixa de Pandora”. Os maçaense lançaram-se ao ataque, de forma desesperada e pouco afinada. Vários lances, em minutos consecutivos, ficaram na retina.
Aos 86 minutos Sérgio abriu a sequência de oportunidades rematando ao lado. No minuto seguinte foi a vez de Lucas dar o mesmo destino ao esférico. Depois Miguel Luz atirou por cima. Lucas imitou-o logo de seguida e Marchão permitiu a defesa do guarda redes Manu. Já com a placa com quatro minutos de compensação preparada para subir, por se ter esgotado os 90, uma rápida transição surpreendeu a defensiva do Mação.
Rui Pereira, lançado em velocidade,contemporizou, esperou a saída de Renan e disparou a contar resolvendo a eliminatória a favor da equipa de Condeixa. Pouco depois o árbitro deu o jogo por terminado. Vitória muito sofrida da equipa da casa que jogou mais de 50 minutos em inferioridade numérica mas acreditou até ao fim. Erros voltaram a penalizar a equipa de Mação.
Arbitragem globalmente bem. A expulsão, exagerada, podia ter “resolvido” o jogo.
JORGE SANTIAGO (MEDIOTEJO.NET)
CLUBE CONDEIXA 3
Manu, Sarmento, Crachat, Wilson, Rafa, Zito, Hugo Oliveira (Montenegro, 46′), André Jorge (Moura, 80′), Dani Alves, Leo (André Gonçalo, 69′) e Rui Pereira.
Suplentes não utilizados: Manu Jr, Rodolfo, Ricky e Ruben Barbosa.
Treinador: Pedro Ilharco.
ASSOCIAÇÂO DESPORTIVA DE MAÇÃO 2
Renan, Simão Moreno, Luís Esteves(João Marchão, 74′), Gonçalo Lélé, Bruno Araújo (Tenta Maeda, 63′), Litos (Miguel Luz, 46′), Patrick, Tiago Vieira, Sérgio, Bruno Lemos e Lucas Reis.
Suplentes não utilizados:Chico Sousa, Bernardo Bento, Luís Alves e Rodrigo Ribeiro.
Treinador: José Torcato.
GOLOS:André Jorge, Leo e Rui Pereira (Condeixa); Sérgio (2) (Mação)
EQUIPA DE ARBITRAGEM:
Daniel Cardoso, Carlos Martins e Nelson Cardoso (AF Aveiro)