Fomos conversar com Vitor Vinha, jogador com mais de 10 anos de Académica e cerca de 70 jogos na primeira divisão que neste momento se encontra sem clube. Vitor Vinha apareceu muito jovem na Académica, chegando a fazer parte das selecções jovens de Portugal (conta com 14 internacionalizações) mas a afirmação tardou em surgir. Vamos perceber porquê!
Jogaste mais de 10 anos pela Académica, qual o sentimento que tens pelo clube?
Tenho grande carinho e admiração pela Académica. Um clube que recentemente fez 129 anos de história. Aprendi muita coisa nesta casa. Muitos valores e tradições e ter feito parte da história da briosa é uma honra que levo comigo para a vida.
Quando apareceste na Académica havia grande expectativa, no entanto nunca foste uma aposta regular e optaste por sair do clube. O que te fez tomar essa decisão?
Por norma os jogadores formados no clube ambicionam conquistar o seu espaço e singrar na casa mãe, mas ao mesmo tempo são menos protegidos e estão sempre mais sujeitos ás criticas. Na altura eu não queria sair, mas também tenho bem presente que era algo necessário para me valorizar. Sair fez-me crescer e alargar horizontes.
Depois de uma época no estrela de amadora decidiste imigrar. Viste isso como uma necessidade, desportiva e financeira ou foi por achares que não te reconheciam o devido valor em Portugal e não apostavam em ti?
Emigrar foi uma precipitação. Foi devido a um conjunto de factores que levaram a essa precipitação. Deveria ter aguardado e escolhido outro caminho, mas as coisas foram como foram e agora não vale a pena lamentar. Não compensou financeiramente, nem se quer saí mais valorizado. Foi uma experiência que me deu a conhecer outro campeonato e outra realidade, mas que não deveria ter acontecido naquela altura.
Regressas depois a Portugal, jogas pelo Olhanense e Gil Vicente na primeira Liga, mas é na segunda liga, no Beira Mar e Famalicão que voltas a ser aposta regular. Sentes que a tua carreira podia ter chegado mais longe caso tivesses oportunidades?
Sim sinto que poderia ter alcançado muito mais, mas não vale a pensa pensar muito nisso. O caminho foi o que foi e apenas tenho a agradecer a todos os que clubes que apostaram em mim. Sejam eles da primeira ou da segunda liga. Aprendi muito e vivi coisas fantásticas portanto só tenho a agradecer.
Achas que os clubes chamados pequenos estão “reféns” dos empresários? que achas da relação destes agentes no Futebol português com os clubes?
Os empresários fazem parte do que está à volta do jogo. São elementos intervenientes por fora. Os jogadores são aqueles que estão lá dentro e são os que verdadeiramente proporcionam o espectáculo e o fenómeno que é o futebol. Por vezes a posição dos empresários é extrapolada e têm grande influência, algo que não deveria acontecer. Estas são as regras do jogo nos dias de hoje e é com elas que temos de saber lidar, mas cada um deveria saber ocupar o seu lugar.
Esta época tinhas uma transferência acertada mas não se concretizou. Que se passou?
As transferências só quando estão devidamente formalizadas é que devemos acreditar nelas. Tinha de facto tudo tratado para ingressar num clube, mas há ultima hora um empresário achou que eu não deveria ser contratado e assim aconteceu. Tudo caiu por terra.
Neste momento, devido a essa situação estás sem clube… Como fazes para manter a forma enquanto esperas por propostas?
Treino na box Crossfit Mondego e BootCamp PesoCerto Elite Fitness Training.
Treino de alta intensidade de forma adaptada que me ajuda a manter a forma para o futebol.
Sendo um jogador com mais de 70 jogos na primeira divisão e com 14 internacionalizações jovens por Portugal, imaginavas-te numa situação deste género com a tua idade?
Não, não me imaginava nesta situação. Mas também nunca pensamos o pior até ele efectivamente acontecer. Infelizmente eu não sou a primeira nem vou ser a ultima situação do género no futebol. Faz parte. A vida dá muitas voltas. Hoje estamos por baixo amanhã estamos por cima de uma forma que até supera as nossas expectativas. O importante é acreditar, manter o foco e fazer para com que as coisas mudem mesmo até quando elas não dependem exclusivamente de nós.
Pensas voltar a imigrar caso não surja nenhuma oportunidade, dentro do que idealizas para a tua carreira, em Portugal?
Sim emigrar é uma hipótese, embora prefira manter-me em Portugal e preparar o meu futuro para além da carreira de jogador. Estou a estudar e trabalhar para um dia ser treinador de futebol. Aquilo que não ganhei enquanto jogador irei ganhar enquanto treinador. Está dado o mote.
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