A felicidade de Filipe Moreira

O Académico de Viseu confirmou a subida ao segundo escalão do futebol português sob o comando de Filipe Moreira, treinador que chegou ao clube à jornada nove da Segunda Divisão. Em entrevista ao zerozero.pt, o técnico fala do objetivo concretizado, da satisfação pessoal face à subida e também do ambiente que se vive em terras de Viriato por estes dias.
No dia 21 de abril, no terreno do São João de Ver, a uma jornada do fim do campeonato nacional da II Divisão Zona Centro, o Académico de Viseu confirmou a subida à Segunda Liga portuguesa, onde não estava desde a temporada 1997/98.
«Quando acabamos o jogo, corri para alguém e alguém correu para mim… Era o meu treinador-adjunto! Estivemos ali, sem exagero, três minutos, a viver intensamente aquele momento, como se fosse o mais importante da nossa vida desportiva. Não existiam palavras. Por aquilo que tínhamos passado nos últimos anos, por merecermos subir de divisão nos últimos dois anos e não termos conseguido», descreveu, com a voz embargada, Filipe Moreira, assumindo, de forma natural, que nas alturas das conquistas a família vem sempre à cabeça, «no que uma mãe significa» e por ter perdido o seu pai, há dois anos, alguém que «mais do que ninguém queria muito que eu tivesse recebido isto».
Além, obviamente, da satisfação pessoal que uma subida ao segundo escalão do futebol português representa, até porque, nos anos recentes, o treinador lisboeta esteve perto da promoção no comando do Olivais e Moscavide, do Oriental e do Tondela, há também toda uma envolvência social e da cidade de Viseu que o enche de orgulho.
«Foi muito especial, muito importante para mim, mas também pelo clube que é, pela envolvência que teve, pela qualidade que esta cidade evidenciava no tratamento connosco, jogadores e treinadores, e principalmente pela relação que a cidade precisava de ter cada vez mais com o futebol. A cidade estava divorciada do clube e hoje somos uma família, há um valor acrescido, mais que uma subida de divisão há uma unidade que sinto que existe na cidade de Viseu», congratulou-se, descrevendo ao zerozero.pt o ambiente que se vive, nesta altura, na cidade de Viriato.
«O prazer é quando andamos na rua e vemos as pessoas felizes. Nós sentimos isso, as pessoas sentem-se realizadas por verem o clube entrar num patamar que as pessoas consideram um direito, pela história do clube. Tinha que acontecer. Mas como não era possível, e era algo que já não acontecia há muito tempo, houve um sentimento especial no coração das pessoas e na forma como sentiram este feito que este grupo de trabalho conseguiu».
As pessoas sentem-se realizadas por verem o clube entrar num patamar que as pessoas consideram um direito, pela história do clube.
Quem conhece Filipe Moreira compreende as suas palavras, pela paixão que coloca em todas as tarefas que assume, pela emoção que lhe provoca fazer o que gosta. Por isso, quando diz que o sentimento foi maior não por ser campeão mas por representar o concretizar de uma série de tentativas, não o estranhamos: «Foi muito, muito forte. Não é o facto de ser campeão, é o facto de nós sentirmos que finalmente tinha chegado uma hora que já justificávamos no passado».
«Não estava à espera de subir de divisão»
A época 2012/13 do técnico de 48 anos começou no Sporting da Covilhã, de onde «não esperava sair», tal como não esperava «passadas umas horas, ingressar no Académico de Viseu», que despediu o treinador Carlos Agostinho. Apesar do sucesso agora já conquistado Filipe Moreira assume que «não estava à espera de subir de divisão».
«É a primeira vez que digo isto. Senti que tinha muito trabalho para fazer e não via as coisas num caminho que pudesse indiciar a subida de divisão. Recuperamos muitos pontos mas foi o dia-a-dia que foi consolidando as nossas ideias, principalmente o grupo de trabalho, que foi fantástico em termos de coesão interna e de responsabilidade, e também do presidente do clube, que assumiu que queria subir de divisão e deu ao seu treinador todas as condições para que isso acontecesse».

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