U.Leiria perde em Guimarães

De ambos os lados, duas equipas a replicar por vários meses de salários em atraso. Olhava-se para os jogadores como quem admira um campeão. Era a imagem que desfilaria, mas sem grande alegria. Uma situação de tal modo desconfortável, uma angústia demasiado viva sentida no contato informal com alguns jogadores, cá fora, antes do apito inicial. Esta mútua evidência tornou-se quase sempre presente para quem seguia o desenrolar da partida.
V. Guimarães, mais revigorado na classificação e ainda com a motivação extra de alcançar um lugar na Liga Europa, abordou o encontro na primeira parte com o desejo de «pacto» de não agressão ao adversário. O U. Leiria trocava a bola, mas faltava progressão.
O jogo tinha fases pouco interessantes: um remate de Bruno Moraes a abrir o encontro, um livre bem cobrado por Bruno Teles e duas tentativas de Soudani. Nada mais. A equipa do Lis tinha resistido 48 minutos. Mas o contra-golpe de Soudani a abrir a segunda parte desequilibrou o 0-0. Golo e momentos de aplausos. Antes, Bruno Moraes ainda abanou a rede, mas o juiz considerou que Cacá jogou a bola com o braço.
O espírito de equipa de Leiria emergiu mais a partir desse momento. Mas pouco segura e, além disso, a defender com sacrifício e a mostrar limitações no ataque. Jogou quase sempre com o coração. Nuno Assis esteve perto do 2-0, o remate saiu ao lado. José Dominguez decidiu, então, lançar Nicklas e, mais tarde, Djaninny. Com alguns resultados.
Sentindo a corda no pescoço, o U. Leiria era uma equipa sujeita, em permanência, a uma pressão enorme, após uma semana tensa, que abalou ainda mais o clube do Lis. Viu-se uma equipa sofrida na hora de jogar a sobrevivência. O azul de um perdia-se no branco do outro. Bruno Moraes conseguiu o empate (1-1), mas no minuto seguinte a formação leiriense permitiu que Bruno Teles disparasse para o 2-1, após alívio de Marco Soares. Um bom golo.
Com a lembrança fresca da crise como pano de fundo, que se traduz em dramatismo, demasiado para dar margem a qualquer ensaio de bom futebol. Estas coisas perturbam sempre. Não é uma acusação, é uma constatação duplamente dolorosa. Não será difícil perceber o alcance de uma derrota tão delicada: clube em descalabro financeiro e, ao mesmo tempo, desportivo.
O V. Guimarães circulavam melhor a bola com um meio-campo mais equilibrado e criavam mais oportunidades. Uma exibição simplesmente superior, convicta, às vezes até emotiva. Soudani continuava a suspirar por mais golos. A equipa realizava, agora, um jogo mais vivo e virado para o ataque. Os brancos pretendiam, acima de tudo, consolidar o sexto lugar.
A União, em contrapartida, apresentou poucas ideias de jogo, mas Bruno Moraes ainda revelou profundidade e tentou surpreender Nilson. Mais tarde, Élvis cruzou para Djaniny cabecear para novo empate. No turbilhão, os homens de Dominguez perderam o rumo e ficaram na câmara das torturas, moribundos, incapazes de iludir a brutalidade do destino e praticamente condenados a «chorar» a descida de divisão com mais um golo de Soudani (3-2).
Com esta derrota, a vida na liga principal está mesmo pela hora da morte. A crença no milagre da permanência está, praticamente, obscurecida.

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