
De Castelo Branco ao Estreito distam apenas 47 quilómetros, mas a distância marca a separação entre dois mundos: a da cidade capital de distrito e o da pequena aldeia do interior, com apenas 800 habitantes e que em tempos teve 2000, perdida na serra do Moradal, onde para conseguir comprar um jornal é preciso percorrer mais 15 quilómetros e ir a Oleiros, sede de concelho, numa estrada repleta de curvas.
Mas o futebol não tem fronteiras e dá para histórias bonitas, como a do Águias do Moradal, oitavo classificado da série E do Campeonato Nacional de Seniores.
É o clube da aldeia do Estreito, uma região onde se vive da madeira e da agricultura e onde o cabrito assado é rei.
Com o fim da 3.ª Divisão, o Águias venceu na época passada a 1.ª Divisão da AF Castelo Branco e saltou dois escalões.
Agora vive a maior aventura em 35 anos de história: sobreviver na antiga 2.ª Divisão B. Sem um relvado, teve de ir jogar para o campo do Oleiros, o maior rival.
«Temos duas presenças na 3.ª Divisão e, mesmo sem um relvado, não rejeitámos a oportunidade. Conseguimos o apoio da autarquia e lançámo-nos nesta aventura», conta Aníbal Antunes, 54 anos, presidente do Águias há 25 anos e gerente de um restaurante no Estreito.
A manutenção é o objetivo, mas o maior desejo é um sintético para o campo O Ventoso (acreditem que faz mesmo vento!), um pelado à antiga, proibido pela federação para receber jogos. Tudo está encaminhado e talvez haja um final feliz na próxima época.
Rui Miguel Melo (www.abola.pt)