AF.Santarém I Antigo internacional brasileiro ajuda o União de Almeirim a regressar aos nacionais

O antigo internacional brasileiro Jorge Silva, conhecido no mundo do futebol como Palhinha, assumiu os destinos da SAD da União de Almeirim e promoveu o regresso do clube ribatejano aos campeonatos nacionais, 16 anos depois.

Palhinha, de 52 anos, criou uma sociedade desportiva para emblema almeirinense, fundado em 1934, tomando conta da equipa de seniores, com o objetivo de subir ao Campeonato de Portugal.

Um feito alcançado com a decisão federativa de promover os campeões distritais ao terceiro escalão, devido ao cancelamento precoce da competição provocado pela pandemia de covid-19, e graças à liderança isolada do campeonato do distrito de Santarém, com 57 pontos, mais 10 do que o rival concelhio Fazendense.

“No início da época falámos todos da necessidade de mudar, de estar no distrital, mas trabalhar de forma profissional. Depois, as coisas foram acontecendo de forma natural”, disse o antigo futebolista, em declarações à agência Lusa.

Palhinha, que, como jogador, ergueu, entre outros troféus, três Taças dos Libertadores (1992, 1993 e 1997) e duas Taças Intercontinentais (1992 e 1993), disse ter continuado a pagar os salários, mesmo com a interrupção competitiva.

“Sempre pagámos antes do início de cada mês, o que aconteceu também em abril. Mesmo depois da paragem continuámos a pagar. Esta subida de divisão é mérito dos atletas e um reconhecimento do trabalho efetuado”, frisou, explicando que os jogadores não são profissionais e que se deslocavam para os treinos depois de um dia de trabalho ou na escola.

Palhinha quis dar todas as condições aos jogadores, confessando que houve algum tristeza com a paragem dos campeonatos e a incerteza sobre o futuro.

“Houve sofrimento, pois o objetivo era a subida. Agora vamos trabalhar para chegar à II Liga. Pode não acontecer já, mas tem de ser a meta”, frisou.

Desde 2003/04 afastado das competições nacionais, o clube almerinense conta quatro presenças na antiga II Divisão, em 1973/74 e entre 1985 e 1988.

No entanto, esta é a aposta de Palhinha, depois de estar nos Estados Unidos, onde formou o Boston City, e de ter também formado uma filial, o Boston FC Brasil, em Minas Gerais.

“O distrital em Portugal tem um custo menor para se começar um trabalho, que queremos que cresça. Ganhei experiência com o trabalho desenvolvido nos Estados Unidos e no Brasil e avancei para a fundação da SAD na União de Almeirim”, explicou, elogiando as infraestruturas existentes no país para se trabalhar.

Apesar de controlar apenas a equipa sénior, Palhinha assumiu uma boa articulação com o clube, que levou à utilização de nove juniores pela equipa principal.

“Queremos ajudar e potenciar a formação de jovens. Existem miúdos muito bons, mas a formação em Portugal não é o que se diz, com algumas exceções, como Benfica, FC Porto e Sporting. Muitos clubes só querem ajudas das autarquias. Não podem querer pagar 100 euros a um treinador e depois exigir”, defendeu.

Ao longo da carreira, Palhinha representou vários clubes, como São Paulo, Cruzeiro, Grêmio, Flamengo, Botafogo ou América Mineiro, com passagem também pelos espanhóis do Maiorca e os peruanos do Sporting Cristal e Alianza Lima.

Entre os pontos altos da carreira de futebolista destacou as 16 vezes em que vestiu a camisola da seleção brasileira e, ao serviço do São Paulo, as conquistas da Intercontinental [antecessora do Mundial de Clubes], frente ao Barcelona (2-1), em 1992, e ao AC Milan (3-2), no ano seguinte.

“Fui titular nas duas finais e em 1993 marquei o primeiro golo da final que disputámos com o Milan. Na final anterior, com o Barcelona, foi o Raí que marcou os dois golos”, recordou o antigo jogador que alinhou ao lado de craques como Romário, Bebeto, Raí, Ronaldinho, Cafú, Branco, Zé Roberto, Edmundo ou Taffarel.

Jornal O JOGO

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