CP I Jogadores podem ficar cinco meses sem jogar

Se as condições sanitárias do país proporcionarem a realização do play-off de subida do Campeonato de Portugal, que poderá apenas englobar os atuais dois primeiros classificados de cada série, então a temporada acabou para 64 equipas. Se cada uma delas tiver uma média de 25 jogadores, então o futebol só voltará, na melhor das hipóteses, daqui a quatro meses (em agosto) para cerca de 1700 atletas, que estão parados desde março e que ficarão sem subir ao relvado durante cinco meses.

À dificuldade em manter o físico juntar-se-á o aspeto psicológico de quem ficará quase meio ano sem poder fazer aquilo de que mais gosta. “Daqui a dois ou três meses acredito que alguns jogadores estejam próximos do esgotamento psicológico”, avisa Kika, médio do Bragança, da Série A.

Rui Lima, de 42 anos, já andou pela I Liga, pelo estrangeiro e jogou nas competições europeias, mas nunca tinha lidado com um hiato tão grande, “a não ser por lesão”. “Quem não fizer atividade física vai ter muitas dificuldades quando a próxima época começar”, afirma o jogador, que, devido ao coronavírus, adiou a reforma. “Tomo sempre a minha decisão no final de cada época mediante o rendimento e a disponibilidade física e mental, mas não quero ser obrigado a acabar por causa do vírus”, explica o médio do Pedras Rubras (Série B).

Por muito que Diogo Castro, lateral-direito do Águeda (Série C) treine em casa, o defesa sabe a condição física vai “ressentir-se” quando o futebol voltar. “Porém, o pior será o aspeto psicológico”, ressalva o jogador.

O mesmo acontece com Marco Pinto, guarda-redes do Loures (Série D). “Para além de ser a minha profissão, o futebol é como um vício”, detalha o guarda-redes, que passou a ter cuidados redobrados com a alimentação, enquanto procura imitar o treino específico de guarda-redes no quintal de casa. Em Trás-os-Montes, Kika joga “com a parede”. “Já tive uma lesão grande e mesmo nesse período ia sempre ao campo para estar com os meus colegas”, lembra.

Precisamente por saber o que é estar tanto tempo sem tocar na bola, Kika perspetiva um regresso difícil ao trabalho. “Caía muitas vezes sozinho quando voltei a treinar após a lesão. O equilíbrio e a coordenação motora são diferentes, ainda que, ao fim de umas semanas, tudo volte ao normal”, explica.

Diogo Castro gostava de ter cumprido o que faltava jogar na prova. “Primeiro está a saúde, mas tinha esperança de que se pudesse retomar o campeonato, visto que os profissionais devem continuar. Podiam acordar medidas como os jogadores fazerem os testes da covid-19 ou jogar-se em maio ou junho”, opina. Ainda faltam mais de 90 dias para o desejo de Diogo se cumprir.

O JOGO

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