“Alguns ciumentos fizeram-me muito mal”

Vinte e oito anos depois de ter saído do Águeda, onde já tinha estado uma vez, José Rachão voltou na época passada para orientar a equipa que, atualmente, ocupa o quarto lugar na série C do Campeonato de Portugal. Com 35 anos de carreira, percorridos em 25 clubes (18 em Portugal e sete no estrangeiro), o treinador que, em 2005, conduziu o Vitória de Setúbal à conquista da Taça de Portugal, ao vencer, na final, o Benfica de Trapattoni, esteve onze anos no Médio Oriente.

No Kuwait, Arábia Saudita, Síria, Líbia e Barém, orientou sete equipas e foi campeão da Líbia, venceu a Supertaça daquele país, a Taça do Príncipe e a Taça do Emir do Kuwait, e chegou aos quartos de final da Liga dos Campeões da Ásia. “Numa altura muito conturbada da minha vida, não estava à espera de ir para fora, porque tinha feito o melhor trabalho em Portugal, o maior feito da carreira”, desabafou o técnico de 65 anos. “Parti um bocadinho amargurado e desiludido e fui-me aguentado por lá. Talvez por isso tenha estado muito tempo. Sinceramente, senti-me prejudicado porque tinha ganho a Taça de Portugal, ao serviço do Vitória de Setúbal, mas também tinha subidas de divisão e permanências”, acrescentou.

A longa aventura no Médio Oriente é descrita com um sentimento de saudade e de orgulho. “Aprendi muito, fui lidando com dificuldades e mentalidades completamente diferentes. Isso fez-me crescer, fez de mim mais treinador e, principalmente, uma pessoa diferente”, admitiu.

De regresso a Portugal, Rachão não perspetiva voltar a emigrar tão cedo. “Vou pensar acima de tudo na estabilidade familiar. Agora, tenho os netos, o Rodrigo e a Carlota, e, como não acompanhei as minhas filhas o tempo que desejava e não as vi crescer – neste mundo do futebol, a mãe também é, por vezes, pai – não pondero regressar ao estrangeiro”, explicou. No entanto, se aparecer “uma oportunidade irrecusável para representar um grande clube ou um projeto atrativo”, José Rachão não vai “fechar portas”. Mas é certo que, concluiu, “se for para ir de qualquer maneira para qualquer lado” já não faz as malas. “Isso não”, garantiu.

Jornal O JOGO

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