João Diogo Rodrigues, Kikas no mundo do futebol, tem estado em destaque esta época no Benfica e Castelo Branco. O jovem avançado, de 19 anos, regressou à sua cidade, Castelo Branco, após três na formação do Vitória de Guimarães. Na primeira temporada como sénior, Kikas leva 14 golos – dez no Campeonato e quatro na Taça de Portugal.
O POVO DA BEIRA esteve à conversa com o albicastrense, passando em revista toda a sua ainda curta carreira e os planos para o futuro.
Povo da Beira (PB) – Começaste a jogar futebol muito cedo. Como é que o futebol surgiu na tua vida?
Kikas – Desde pequenino que acho que nasci com isso. O meu pai também era jogador de futebol e comecei a jogar com dois, três anos aqui na rua. Depois fui para a escola de futebol do Benfica e Castelo Branco. A partir daqui, comecei a jogar mais a sério e, aos 12 anos, fui para o Sporting Clube de Portugal – onde estive dois anos.
PB – E como foi essa experiência no Sporting? Como é que surgiu essa hipótese?
Kikas – Antes de ir para o Sporting, já tinha feito testes no Benfica e no FC Porto. Foi o Sporting que me quis e eu assinei contrato de dois anos. Treinava aqui em Castelo Branco – segunda e quarta – e, nos fins de semana, ia jogar para Lisboa.
PB – Era uma vida difícil para um miúdo tão novo…
Kikas – Sim, não tinha tempo, nos fins de semana, para fazer quase nada. Muitas vezes jogava sábado e domingo.
PB – Três anos mais tarde, com 15, aparece o Vitória de Guimarães. Como é que surgiu e como foi essa mudança?
Kikas – Sim, depois dessa experiência no Sporting ainda estive mais três anos em Castelo Branco – no Desportivo – e com 15 anos já jogava nos juniores. Nesse ano surgiu o Vitória de Guimarães. Fui lá fazer testes uma semana e eles gostaram de mim e contactaram-me para me mudar para lá.
PB – Sentiste uma grande diferença entre Castelo Branco e Guimarães no modo de trabalhar? Como é que foi a adaptação?
Kikas – O primeiro mês foi sempre mais difícil, mas depois adaptei-me bem. Conseguia, algumas vezes, ver a família nos fins de semana e isso era bom. Os treinos eram, um pouco, mais exigentes. Avisaram-me que o futebol do Norte era um bocado mais duro, já sabia que ia para um futebol diferente do Centro.
PB – Acabaste por fazer grande parte da tua formação no V. Guimarães. Neste primeiro ano como sénior tinhas a esperança de continuar lá?
Kikas – Estive lá três anos e, neste último ano de júnior, esforcei-me muito para conseguir o contrato profissional. Não aconteceu essa possibilidade e por isso vim para Castelo Branco. Estou no meu primeiro ano de sénior e, para mim, está a ser um sonho. Está a correr tudo bem, estou a fazer golos e quero continuar a fazer.
PB – Como é que foi o processo de saída do V. Guimarães. Foi uma decisão do clube ou partiu dos dois lados?
O meu empresário, Nuno Correia, teve uma reunião com os dirigentes do clube e ficaram de dizer alguma coisa. Até lá não houve novidades e, nessa sequência, apareceu o Benfica e Castelo Branco e eu aceitei.
PB – Como é que apareceu o Benfica e Castelo Branco? Não tiveste convites de outros clubes?
Kikas – Tinha outros convites para jogar noutros campeonatos, mas pensei que o primeiro ano de sénior era importante a adaptação e somar minutos. O Benfica e Castelo Branco falou com o meu empresário e comigo e chegámos acordo. Está a ser um bom regresso a casa.
PB – É um sentimento especial jogares no clube da tua cidade?
Kikas – Sim, desde pequeno quando ia ver os jogos ao estádio dizia “um dia vou querer aqui jogar”. E está acontecer isso.
PB – Se tivesses de te descrever como jogador, como é que te analisavas?
Kikas – Sou um jogador com alguma técnica, rápido e quando a bola está na área, estou lá para marcar.
PB – Consideraste um avançado de área ou um avançado móvel com golo?
Kikas – Sou mais um avançado móvel com golo. Não gosto de estar parado junto dos defesas. Gosto de movimentar-me e, quando vejo que a bola vai chegar à área, tento lá chegar para fazer golo.
PB – Este ano já levas 14 golos – dez no Campeonato e quatro na Taça de Portugal. Esperavas um início de época tão bom?
Kikas – Não esperava que fosse assim tão bom este início de época. Está a correr bem, começámos bem a época, só temos uma derrota. Está a ser uma boa temporada, um ano de sonho, para mim, e é continuar assim para ver se chego a outros patamares.
PB – Quando fizeste aquele poker frente Leiria e Marrazes na Taça de Portugal ganhaste mediatismo nacional. Qual foi a sensação de fazeres quatro golos num jogo e veres o teu nome nos principais jornais desportivos?
Kikas – Esse vai ser um jogo que nunca vou esquecer. Foi o meu primeiro jogo na Taça de Portugal e marcar quatro golos foi lindo. Esforcei-me muito, consegui e agora é continuar. [Em relação aparecer nos jornais] Qualquer pessoa gosta de aparecer e eu estou a trabalhar para aparecer nos jornais, para as pessoas verem o meu trabalho.
PB – Ultimamente têm surgido muitas notícias de clubes da Primeira Liga e até do estrangeiro que estão de olho em ti. Como é que lidas com isso? Afeta-te no teu trabalho?
Kikas – Não ligo muitas a essas coisas, deixo para o meu empresário. Ele é que está a tratar disso e eu só estou empenhado e a trabalhar para conseguir chegar onde quero, que é o topo.
PB – Há alguma possibilidade de saíres do Benfica e Castelo Branco já em janeiro?
Kikas – Não sei. Como disse, estou focado em Castelo Branco e estou a sentir-me bem e, se acontecer essa possibilidade, é bom. É fruto do meu trabalho.
PB – Quais são os teus objetivos individuais para o resto da época?
Kikas – O objetivo é jogar o máximo possível – se puder jogar todos melhor – e quero marcar o maior número de golos possível. Levo dez golos no Campeonato, quero ver se chego, pelo menos, aos 15 tentos.
PB – Um jogador de futebol para estar em boa forma precisa de fazer algum tipo de treino fora dos treinos diários com a equipa? Fala-nos do teu dia-a-dia…
Kikas – Levanto-me de manhã e vou ao ginásio. Depois almoço, aproveito para descansar um bocado e à tarde vou para o treino. Se não andasse no ginásio, provavelmente não estava em tão boa forma e não me sentia tão bem.
PB – Há muitos jogadores que têm dificuldade em transitar do futebol de formação para o futebol sénior. Esperavas ter tantos minutos e uma adaptação tão fácil?
Kikas – Quando o meu empresário disse que vinha para Castelo Branco, sabia que havia outros ponta-de-lança e todos temos qualidade. Estamos todos a trabalhar e o mister é que escolhe no domingo. Estou a jogar, estou a sentir-me bem e trabalho cada dia para melhorar.
PB – Sentiste muita diferença entre o futebol de formação e o futebol sénior?
Kikas – Sim, vim de futebol em que era só rapazes da minha idade. Agora é o meu primeiro ano a jogar com homens e estou a sentir-me bem, adaptei-me bem. Logo no jogos de pré-época vi que era um futebol mais duro e que tinha de ser assim, se não ia ser difícil ser jogador. Tenho de trabalhar, ser um jogador duro para chegar lá a cima.
PB – Quais são os teus objetivos, a longo prazo, no futebol? Até onde é que queres chegar?
Kikas – Gostava muito de jogar na Premier League, é uma Liga onde se vive muito o futebol. Mas onde gostava mesmo de jogar era no Sport Lisboa e Benfica. É o meu clube e tenho o sonho de jogar lá.
PB – Tens algum ídolo ou inspiração no futebol?
Kikas – Sim, gosto muito do Lewandowski como ponta-de-lança. No entanto, o meu ídolo é o Cristiano Ronaldo.
POVO DA BEIRA