De Coimbra para a Irlanda do Norte

João Mendes é guarda redes e é mais um dos vários atletas do distrito que procurou a sorte no estrangeiro. Representou clubes como Alvaiázere, União FC, Tourizense, Moita do Boi e conquistou, entre outros, o Campeonato distrital de juniores pelo Tourizense e a 1ª Divisão Distrital pela Moita do Boi.

Neste momento está na Irlanda do Norte desde julho deste ano e representa o Dundela FC compete no Championship 2, por empréstimo Glentoran FC.

Como surgiu o convite?
Há quem diga que se estivermos à espera que as oportunidades venham ter connosco, elas poderão nunca surgir.
É definitivamente aplicável a este caso, cuja oportunidade surgiu após a tentativa falhada de ingressar na NCAA, liga universitária americana, e com alguma frustração procurei um plano B que correspondesse às minhas expetativas.
Em Maio, fruto de umas mini férias junto do meu irmão que vive na Irlanda do Norte, arranjei forma de contactar o manager do Glentoran, o Alan Kernaghan ex-internacional Irlandês, enviei-lhe um DVD com alguns lances e convenci-o a encontrar-se comigo nos arredores de Belfast. Decidiu conceder-me um período de testes no clube.

Como está a correr a adaptação a uma nova realidade?
Penso que está a ser uma experiência bastante positiva e enriquecedora, admito que encontrei pessoas fantásticas que facilitaram imenso a minha adaptação. No dia em que aterrei neste país, tal era o entusiasmo que nem quis ir a casa pousar as malas e segui do aeroporto direto para o centro de treinos, senti que estava ali a oportunidade que nunca tinha tido. E assim foi, ao fim de dois dias estreei-me pelo clube, em termos pessoais foi um dia marcante.
Após três semanas, o manager disse-me abertamente que apesar de estar a ir muito bem, não iria ser primeira opção porque já tinham dois guarda-redes mais experientes e com provas dadas na Premiership e de forma a não interferir no meu crescimento propôs-me ser emprestado a um clube do Championship 2, o Dundela FC.
Isto ia um pouco contra aquilo que era a opinião do treinador de guarda-redes e inclusive a minha. Mas acatei a decisão e só me motivou mais para mostrar que ele estava enganado.
Neste momento com 4 jogos oficiais realizados, ainda aguardo a chegada do certificado internacional para começar a competir.

Qual a maior diferença entre o futebol português e a realidade que encontraste?
Atendendo às questões climatéricas e iluminação dos campos, muitos jogos realizam-se no período de almoço. Algo aliciante é a oportunidade de jogar algumas partidas ao meio da semana porque estamos inseridos em três competições distintas.
Aqui todos os clubes têm relvados irrepreensivelmente bem tratados, muitas equipas para poupar o relvado, treinam em complexos universitários/escolares com condições absurdas até para alguns clubes profissionais em Portugal.

Penso que é na cultura que residem as maiores diferenças, como treinar no máximo três vezes por semana. Com a vertente física a predominar no treino e jogo. Mas engane-se quem pensar que eles são tecnicamente pouco evoluídos.
Os jogos são realizados ao sábado, contrariamente à realidade portuguesa, isto deve-se a questões religiosas e de crenças dos habitantes pois o domingo é dia de ir à missa e reunir a família.

O que mais destacas pela positiva? E pela negativa?
Pela positiva, a disciplina e o respeito deles pela equipa técnica no treino/jogo. Todos são muito concentrados e cumpridores. Assim como a existência da equipa de reservas com um campeonato próprio que permite aos jogadores menos utilizados na primeira equipa cumprir os 90 minutos todas as semanas.
Pela negativa, e de acordo com aquilo que idealizo, treinamos poucas vezes. As guerras religiosas entre católicos e protestantes, também geram apreensão, uma vez que, é suficiente para gerar agressões e mortes.

Qual a experiência mais estranha que já viveste?
A primeira vez que fui jogar pelo Glentoran, fui de comboio para Belfast e tive de fazer o trajeto estação-estádio a pé, um pouco perdido pedi indicações a um homem que me questionou o propósito da ida ao estádio, assim que lhe disse que era jogador dos Glens, o homem deu-me um abraço e fez questão de me acompanhar a pé a indicar o caminho.
Acredito que tenho condições para jogar a Premiership e atendendo que alguns destes clubes jogam as qualificações para a fase de grupos da Champions e da Liga Europa, ambiciono disfrutar dessas experiencias únicas

Quais são os teus objectivos pessoais no novo Clube?
Os meus objetivos pessoais são praticamente sempre os mesmos independentemente do clube. Trabalhar para ganhar um lugar na equipa, crescer como jogador, superação pessoal, ser melhor todos os dias para que no fim da época possa regressar definitivamente à Premiership.

Quais são as tuas expectativas para este projeto?
As expetativas são elevadas, quero ganhar o championship 2 e ser o guarda-redes menos batido. Isso implica treino extra, paralelamente aos treinos do clube. Neste momento, estou a treinar com o Michael Dougherty, que é responsável por todos os guarda-redes das equipas nacionais jovens da Irlanda do Norte.
Acredito que tenho condições para jogar a Premiership e atendendo que alguns destes clubes jogam as qualificações para a fase de grupos da Champions e da Liga Europa, ambiciono disfrutar dessas experiencias únicas e quando a oportunidade surgir vou agarrá-la.

E o futuro? 
Sei que existem muitos scouts a observar os nossos jogos, dispostos a dar oportunidades aos jogadores que mais se destacam, em países como Inglaterra, Escócia, e República da Irlanda. No entanto, não faz sentido viver obcecado, se isso surgir será consequência do bom trabalho que venha a realizar.

FOOT COIMBRA

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