Alcanenense e Sertanense repartiram pontos

Num relvado molhado, mas em condições aceitáveis para a prática do futebol, encontravam-se duas equipas com pergaminhos nestas andanças mas que, nesta altura, vivem realidades distintas. Os ribatejanos com uma situação aparentemente tranquila, em que só um grande desastre os atirarão para os distritais, enquanto os beirões, com uma época mais instável que o normal, tentam a todo custo fugir aos lugares de despromoção direta e ao de play-off para manutenção.

O jogo começa com os alcanenenses a tentarem impor o seu ritmo, instalando-se no meio campo visistante, pressionando a defesa e meio-campo do Sertanense, na tentativa de lhes retirar tempo para pensar e montar o seu jogo. No entanto, um tanto contra a corrente inicial do jogo, numa jogada de contra-ataque, onde imperou a velocidade de Fábio Gomes e Touré, o Sertanenese adianta-se no marcador. Touré foge pela direita do seu ataque, já dentro da área remata cruzado e em força. Ohoulo defende mas não segura (não nos pareceu que tivesse feito tudo o que podia), sobrando o esférico para a “boca da baliza” onde surge, o ex-Vizela Fábio Gomes a marcar um golo fácil. Eram decorridos 9 minutos e o Sertanense estava detentor de três preciosos pontos.

Com o golo madrugador dos forasteiros, a toada que se percebia nos primeiros momentos ficou mais acentuada. Os homens de José Torcato em ataque continuado, circulando a bola entre setores, com lateralizações e variações de flanco para chegar à área adversária, privilegiavam o 4-2-3-1 sem bola e o 4-3-3 quando em posse, ao passo que o Sertanense, usava o contra-ataque e um futebol mais vertical (sem ser pontapé para a frente), assente num 4-4-2.

O tempo foi passando com os homens da casa a denotarem alguma falta de discernimento na fase de construção e com os laterais a serem esclarecidos nos movimentos ofensivos, tirando alguma profundidade ao ataque. Do outro lado o Sertanense mantinha a toada de contenção e tentativas de resposta em contra-ataque, sempre procurando a velocidade de Touré e Fábio Gomes, mas sem grandes resultados práticos. Com poucos espaços para jogar, os lances de perigo não iam aparecendo, sendo que os auri-negros só conseguiam chegar à baliza de Vitor Nogueira através de cantos, alguns livres e remates de longe, mas também sem grande “frisson”.

A única exceção em toda a primeira parte, aconteceu ao minuto 30, quando num livre lateral, a bola é cruzada para a área alvi-negra e nem Ito, Faia ou Idelino conseguem tocar a bola para a baliza.Tirando o golo do Sertanense este foi o lance em que a bola esteve mais perto de uma das balizas, pelo que o intervalo chegava sem deixar grandes saudades.

No reatamento, José Torcato tira Elton (médio mais defensivo) e coloca Jota (jogador de pendor atacante) numa tentativa de chegar com mais gente à zona de decisão. Aos três minutos, surge o lance que iria marcar todo o desenrolar do jogo. Fábio Gomes, no seu meio-campo defensivo, tem uma entrada imprudente sobre um adversário que ia iniciar um contra-ataque, levando Marco Gomes a exibir-lhe pela segunda vez o cartão amarelo no jogo e o respetivo vermelho. Se até ai, o Sertanense tinha adotado uma toada de contensão, a partir daqui, preocupar-se-ia exclusivamente em defender a vantagem que tinha e as incursões ao meio-campo adversário passaram a ser muito raras. Sem demoras José Torcato retira o desinspirado Bahadir e coloca Peu, dando ainda mais largura à equipa.

Deixando o seu meio-campo disponível para “alugar”, o Alcanenense instala-se no meio campo adversário, conseguindo por vezes ser sufocante, mas também inconsequente e perdulário. Ilustrativo disso mesmo foram os lances em que Peu, aos 55 minutos, ganha a linha de fundo, cruza atrasado (como mandas os livros) e ninguém aparece para o remate, ou aquele em que Jota, ao minuto 64, dentro da pequena área faz brilhar o guardião sertanense, ou ainda quando Glady em zona frontal dentro da área forasteira atira para as nuvens, eram decorridos 65 minutos.

Vendo o tempo avançar e continuando a desperdiçar oportunidades para empatar, os homens da terra dos curtumes, começaram a perder a calma e ansiedade começou-se a instalar, levando-os a querer fazer tudo muito depressa, mas depressa e bem…

E foi assim numa de “água mole em pedra dura” quase desesperada, já com Faia a jogar na frente (começou a médio centro, foi central e terminou a ponta de lança) que o Alcanenense chegou ao golo. Livre frontal batido para dentro da área forasteira e após várias carambolas, o esférico sobra para Faia que desfere remate indefensável, restabelecendo a igualdade.

Atá ao apito final, Peu, de trivela, ainda atirou ao poste da baliza de Vitor Nogueira e Issouf no último lance do jogo atirou para fora o que podia ter sido o golo da vitória do Sertanense. Empate que premeia a labuta e espirito de sacrificio da equipa de Sertã, mas que é muito castigador para os homens de Alcanena que, pelo que fizeram na segunda parte, mereciam a vitória.

 Quanto ao árbitro, no aspeto técnico esteve num plano aceitável, mas no aspeto disciplinar enveredou por um critério que valeu ao jogo 11 cartões amarelos e 1 vermelho. Em nossa opinião foi um critério apertado demais, mas que se respeita, adotou-o e manteve-o até ao fim.

Estádio Municipal Joaquim Maria Baptista

Árbitros: Marco Gomes, Gracindo Vieira e Rudy Silva

AC Alcanenense
Ohoulo, Ito, Luís Carlos, Glady, Bahadir (Peu), Faia, Bob (Carlos), Cláudio, Ragner, Elton (Jota) e Idelino
Suplentes: Francisco, Bruno Santos, Pedro Silva e Simão
Treinador: José Torcato

Sertanense FC

Vitor Nogueira, Mauro, Kelvin, Issouf, Leandro, Fábio Gomes, Silvestre (Ricardo Carvalho), Varela (Mathieu), Touré, Fred e Galvão (Almeida)
Suplentes: Paulo Salgado, Paulo Henrique, André e Leonel
Treinador: Natanael Costa

Marcadores: Faia (88′) ; Fábio Gomes (9′)
Cartões Amarelos: Ragner (20′), Glady (32′), Elton (34′), Bob (56′), Jota (70′) e Carlos (78′) ; Leandro (35′ e 48′), Silvestre (46′), Kelvin (63′) e Fred (75′)

Ricardo Beirão (mediotejo.net)

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