
O treinador Ricardo Monsanto deixou o Fátima e ingressou no comando técnico do Carregado, que milita na divisão maior do distrital lisboeta. Ao nosso site concedeu uma pequena entrevista em que aborda os motivos que o levaram a aceitar o convite do clube de Lisboa, bem como analisa a frustrante época do Fátima.
Quais os motivos que o levaram a aceitar o convite do Carregado?
Uma serie de factores tiveram que ser analisados, nomeadamente o facto do clube ter um passado recente muito forte, inclusive com uma passagem na 2ª Liga à muito pouco tempo e vários anos de CNS, as condições são boas, nomeadamente o campo que neste momento é um dos melhores pisos do distrito de Lisboa e os objectivos ambiciosos do clube, neste momento especifico da minha carreira prefiro um clube que me permita lutar para subir que andar numa divisão superior a lutar para não descer.
Os dirigentes parecem-me pessoas com os pés muito bem assentes na terra e o Director Geral do Futebol Sénior, assim como o Director Desportivo são pessoas que sabem exactamente que tipo de estabilidade este clube precisa para uma época completamente diferente do ano transacto. Claro que nunca tomaria uma decisão destas de animo leve
Expectativas e objectivos do clube?
A Pró-Nacional de Lisboa é constituída por 16 clubes, normalmente muito competitiva e extremamente equilibrada e o nossos objectivos concretos são ficar nos 6 primeiros lugares do campeonato e talvez até fazer sensação na Taça. Sabemos que o equilíbrio que normalmente se faz sentir na primeira metade da tabela permite a qualquer um dos primeiros classificados lutar pela subida até final, até porque em Lisboa em certas épocas sobem 2 de divisão enquanto noutras apenas 1. Uma das nossas expectativas também é projectar jogadores para divisões superiores, isso por si só também poderá ser uma grande vitória, veja que nesta época que findou a Pró-Nacional de Lisboa colocou mais jogadores na Super Liga que a maioria das divisões do CNS, julgo que isso quererá dizer alguma coisa.
O que falhou em Fátima?
Quem acompanha de perto sabe o que faltou, fizemos uma equipa para o CNS praticamente uma semana antes do campeonato começar, construí essa equipa em tempo recorde e ao fim de 4 jornadas estávamos em 4º lugar com 5 pontos, mandaram-me embora e andaram 2 meses e pouco a brincar ao futebol, a equipa apenas fez 2 pontos em todo esse período, depois o Padre Pereira como Presidente da comissão administrativa que tinha sido contra a minha saída decidiu encetar todos os esforços para me resgatar e acabar com a brincadeira, o problema é que pelo meio destruíram uma equipa que até era consistente, dispensaram jogadores de qualidade, quando voltámos ainda tentámos remendar e demorou mas voltámos a colocar a equipa a ganhar jogos ainda antes do final da 1ª fase. No entanto, por regulamento tivemos que trazer metade dos pontos da fase anterior, que eram muito poucos, ainda fizemos mais pontos que os nossos adversários directos, fizemos mais 5 pontos que o Eléctrico e mais 3 pontos que o Torreense, se só contasse a 2ª fase ficávamos em 4º lugar, mas como não é assim ficámos a um misero ponto da manutenção directa. Tivemos que ir disputar os play-off e calhou-nos em sorte a Naval, um histórico do futebol português, os jogos Fátima-Naval eram inclusive considerados os jogos grandes destes play-off, empatámos 2-2 em Fátima, julgo que merecíamos mais pelo que jogámos e depois perdemos 2-1 na Figueira da Foz e fomos eliminados. Nem mereciamos tal sorte no segundo jogo, porque criámos situações de golo, em especial na 1ª parte com o jogo ainda 0-0 na Figueira da Foz que davam para vencer os dois jogos e depois pagámos a factura de pecar na finalização, acabámos esse jogo com a Naval de autocarro em frente da baliza e os nossos centrais dentro da área deles, mas futebol é isto mesmo. De qualquer modo agradeço ao Padre Pereira, que para quem não sabe, foi um grande ponta de lança do Fátima, o primeiro padre a jogar federado em Portugal, ao Sr. Manuel Neves e ao Sr. Luís Frazão, assim como ao meu companheiro de armas Luís Morgado, tudo o que foi feito nessa corrida contra o tempo, pegámos e percebemos certas coisas tarde demais, mas acho que se a 2ª fase tivesse tido mais 2 jogos tinha-mos conseguido a manutenção directa, assim faltou-nos 1 ponto.
Quais serão os principais candidatos da Pró-Nacional?
Na minha opinião os principais candidatos da Pró-Nacional são o Vilafranquense, que tem realizado um investimento louco para subir de divisão, o Oeiras, que tem uma excelente formação e todos os anos consegue equipas super competitivas, o Sp. Lourel que apresenta uma robustez e regularidade acima da média para esta divisão, o Lourinhanense que é o grande dominador da zona Oeste e naquela região apresenta uma capacidade de recrutamento como mais nenhuma equipa desta divisão o tem e o Alverca pelo nome e história que tem, apresenta condições e estruturas muito diferentes de qualquer outro candidato, joga num estádio com capacidade para 5.000 espectadores e quando está bem leva uma grande claque e quantidade de adeptos atrás de si. Depois claro, nós gostaríamos de ser o outsider desta divisão, andar no meio desta guerra e quem sabe na recta final conseguir surpreender, a primeira volta vai mostrar muito daquilo que é o trabalho das equipas mas será a segunda volta a definir os vencedores, não será uma corrida ao sprint mas sim uma maratona.