Depois de uma temporada nos distritais, o Futebol Clube de Oliveira do Hospital regressa esta época aos campeonatos nacionais. Mas a subida está a causar muitas dores de cabeça aos responsáveis do clube. O presidente, Paulo Figueira, considera excessivos os custos da prova para o volume de receitas que os clubes conseguem arrecadar.
“Os custos são insuportáveis com as duas voltas a que esta nova competição nos obriga”, explica o presidente do clube Paulo Figueira. A título de exemplo, este dirigente garante que a organização de cada jogo em casa ronda os 900 euros. As receitas de bilheteira, por seu lado, nem de perto nem de longe se aproximam desse valor. “Se não chover muito conseguimos o suficiente para pagar à GNR”, conta em tom de brincadeira, criticando também o valor dos ingressos nos jogos actualmente em oito euros. “Por esse dinheiro vamos ver um jogo da Liga”.
As críticas de Paulo Figueira prendem-se com novo formato da prova, o terceiro escalão do futebol nacional, logo abaixo das competições profissionais, criado na época passada e que obriga os clubes a jogar duas fases. A competição acolhe um total de 80 emblemas, divididos em oito séries de dez equipas. Estas disputam uma primeira fase, a duas mãos. As duas primeiras classificadas de cada série vão jogar posteriormente uma segunda fase, constituída por dois grupos de oito equipas cada, para decidir quem ascende à II Liga. Os vencedores de cada grupo sobem automaticamente, enquanto os segundos classificados disputam uma eliminatória entre eles para decidir qual deles será o terceiro promovido. Os restantes oito de cada série defrontam-se em oito mini-campeonatos, cada um deles com oito clubes, também a duas voltas. Os dois últimos de cada série descem aos Campeonatos Distritais. Os sextos classificados, por seu lado, irão realizar uma eliminatória, a duas mãos, que decidirá os restantes quatro despromovidos. “São jogos que nunca mais acabam e é um sistema que talvez não seja o melhor para a verdade desportiva”, conta este dirigente, que preferia o anterior sistema, com as segundas e terceiras divisões.
Como tem de disputar a prova, Paulo Figueira conta com um orçamento que deverá rondar os 100 mil euros para atacar a nova temporada e garantir a manutenção. Parte da receita, 60 mil são provenientes da autarquia, e o restante terá de ser encontrado por meios próprios. “Nunca poderemos ter um orçamento inferior a isto e mesmo assim será um dos mais baixos desta competição. Só para inscrever jogadores gastamos entre os seis mil e os sete mil euros. E estamos a falar de futebol amador, não profissional”, conta, frisando que o objectivo é a apenas a manutenção. “Não temos dinheiro para mais, mas estamos a construir um plantel para uma boa prova”, conta.
A Federação Portuguesa de Futebol (FPF), diz, deveria olhar com outros olhos para este escalão. Acredita que esta prova seria a indicada para rodar os jovens jogadores portugueses que não conseguem colocação nos campeonatos profissionais após terminarem a formação de juniores. Mas esse cenário é economicamente impossível. “O problema é que entre jogadores do mesmo valor, os estrangeiros ficam muito mais baratos”, explica. A solução passaria, no seu entender, por a FPF reduzir os encargos dos clubes, permitindo que essa verba fosse canalizada para contratar os jogadores portugueses. “Seria benéfico para todos, inclusive para as selecções nacionais”.
Correio da Beira Serra