” É uma honra treinar o melhor do mundo”

Está agora no CSKA de Moscovo. Alguma vez pensou que um dia treinaria um dos clubes mais importantes da Rússia?

Olá. Como sou professor de educação física pertencente ao quadro efectivo docente do CDLPC- Monte Redondo, Colégio onde lecciono desde 1997, e pelo facto de gostar bastante daquilo que faço enquanto docente, tinha uma vida estável no plano profissional. Este era o principal motivo que me levava a pensar que dificilmente abandonaria esta situação, e arriscaria emigrar…
Nunca fui uma pessoa muito aventureira, no que diz respeito a este aspecto e, por esse motivo, nunca considerei esta mudança, como uma possibilidade forte. O facto do futsal do IDJV estar na altura numa fase de grande indefinição, e a proposta que me foi feita ser tentadora, levou-me a pensar na possibilidade de poder ser profissional na modalidade, pensar futsal 24h por dia, num país onde a liga cresce de uma maneira abismal, em que vários jogadores da liga espanhola optam por vir para cá, e aliado obviamente a boas condições financeiras.
Tenho a agradecer à administração do grupo GPS, que lidera o Colégio onde trabalho, o facto de me ter concedido uma Licença sem Vencimento, a fim de “experimentar” este desafio. Quero com tudo isto dizer que, pela dedicação e gosto profundo pela modalidade e a ambição de querer ser melhor a cada dia que passa, aceitei este novo e grande projecto.

Como surgiu o convite para esta nova aventura no estrangeiro?
Vai ser adjunto de Paulo Tavares. Acha que poderá ser visto como um passo atrás, passar de treinador a adjunto?

O convite surgiu por parte do Paulo. Temos um bom relacionamento e respeito muito grande um pelo outro. Além disso, entendemos o jogo de uma forma muito parecida, ao nível da organização ofensiva e defensiva. Aliás, quem visse a Fundação Jorge Antunes jogar no tempo do Paulo, ou mesmo o actual Módicus, facilmente percebia que os princípios de jogo eram idênticos…
O facto de o convite ter sido efectuado pelo Paulo, de uma forma bem clara, em que as minhas funções não seriam de um adjunto, mas sim de um treinador que iria realizar um trabalho conjunto e dividido, levou-me a considerar fortemente a hipótese de aceitar… As tarefas são divididas e todo o trabalho que está a ser feito é feito em conjunto. Mesmo na organização e condução do treino as tarefas são divididas. Por esse motivo, não me sinto adjunto… ou seja, nem sequer posso considerar, essa questão.

Cardinal também receberá ordens de Nuno Dias.Vai encontrar no CSKA de Moscovo além de Cardinal, o melhor jogador do mundo, Ricardinho, o que será um claro ponto a favor. Como será treinar o melhor do mundo?

É um privilégio muito grande treinar o melhor jogador do mundo. Agora com cerca de três semanas de trabalho, entendo o porquê desse merecido prémio… Ele, para além das qualidades técnicas, tácticas e físicas que possuí, trabalha sempre nos limites em todos os exercícios do treino, com grande intensidade.
Em relação ao Cardinal, é impressionante a capacidade inata que tem para finalizar, e acima de tudo, a percepção que faz de cada lance de forma a antecipar movimentos, para que o seu posicionamento permita estar nas melhores zonas de finalização. Também o Divanei é um excelente executante, com grande visão de jogo, inteligência táctica, e uma qualidade de passe fantástica. Aliado a estes três grandes jogadores, também os nossos jogadores russos apresentam bastante qualidade, sendo vários deles internacionais. Penso que estão reunidas as condições para realizarmos um bom trabalho


Quais são os objectivos para esta temporada?

Os objectivos por parte do presidente foram bem claros. O objectivo é alcançar uma medalha… O CSKA, apesar da sua grandeza, nunca se classificou melhor que 5º lugar, tendo inclusivamente sido 8º classificado na época anterior. A qualidade da liga subiu, uma vez que várias equipas se reforçaram bem, nomeadamente o jogador Vinícius, capitão da selecção brasileira e ex. El Pozo, que veio reforçar o Dínamo de Moscovo, actual campeão. Mas outros mais jogadores internacionais Brasileiros se encontram em boas equipas. Vai ser uma tarefa árdua, mas o nosso grupo é bom, e com empenho de todos e qualidade no trabalho vamos certamente sorrir em Junho de 2012.

Preocupa-o o facto da língua russa ser uma barreira na parte da comunicação?
A língua é sem dúvida um obstáculo à comunicação, mas com a ajuda do tradutor Vladimir, com a compreensão de todos, e com a nossa disponibilidade para irmos aprendendo algumas palavras-chave russas, faz com que essa barreira cada vez seja mais facilmente ultrapassável.


Gostaria de um dia voltar a Portugal para treinar um grande?

Neste momento tenho contrato com o CSKA de apenas um ano, com a possibilidade de o renovar. Ou seja, neste momento a minha única e exclusiva preocupação desportiva e profissional é trabalhar o mais possível para que a equipa atinja os objectivos propostos pelo clube. De qualquer forma, sinto, e já o sentia antes, capacidade para liderar qualquer equipa do Campeonato Nacional. Acredito no meu trabalho e na minha organização. Além disso, considero que esta experiencia na Rússia vai certamente enriquecer e tornar-me ainda mais capaz.

“O Instituto é um clube sério, que nunca ficou a dever um cêntimo a ninguém”

Que balanço poderá fazer da temporada 2010/11?

Em primeiro lugar quero reconhecer e agradecer publicamente ao Instituto D. João V, a possibilidade que me deu de crescer enquanto jogador, treinador e enquanto homem. Quero também agradecer a todos os que trabalharam comigo ao longo deste 15 anos no clube, porque todos eles foram responsáveis pela minha evolução. O balanço que faço da época 2010-11 no Instituto D. João V é muito bom.
O Instituto classificou-se em 4º lugar, atrás de Benfica, Sporting e Belenenses, à imagem do que já tinha alcançado na época 2009-10. Foi mais uma vez às meias-finais do campeonato nacional, tendo obrigado o Benfica ao 3º jogo, uma vez que venceu a 1ª partida das meias-finais. Em termos individuais, tivemos o 3º e 5º melhor marcador da liga, Nino e Eric. O André e o Fábio foram sendo chamados com regularidade aos trabalhos da selecção nacional.
No estágio de final da época, também os irmãos Miguel e o Pimpolho foram chamados… Em termos desportivos, considero que seria quase impossível fazer melhor. Em termos formativos, penso também que o Instituto era uma equipa com uma qualidade de jogo agradável, e que proporcionava bons espectáculos desportivos.

Como vê um clube como o Instituto, com boas prestações na 1ª Divisão, terminar com o futsal? Quais acha terem sido as razões para o sucedido?
A conjuntura actual do país, foi certamente o principal factor. A crise afecta a todos, e em todas as áreas, e o desporto em geral e o futsal em particular não fogem à regra. Uma grande parte dos clubes vive acima das potencialidades, e em consequência disso, ouvimos falar constantemente em subsídios em atraso. O Instituto é um clube sério, que nunca ficou a dever um cêntimo a ninguém, pelo que, após terem ponderado a situação, resolveram extinguir o futsal. Tenho a certeza que foi uma decisão muito difícil de tomar, mas certamente a mais correcta. A falta de apoios para patrocinar uma equipa que desse garantias de realizar um campeonato competitivo, à imagem do passado rico que o clube tem, foi certamente o motivo do abandono.

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