A importância da (boa) formação no futsal

Ao ser convidado pelo Jornal On-line “O Derbie” na pessoa do seu Director, Cid Ramos, para escrever sobre futsal, rapidamente me apercebi que a tarefa não seria fácil. No entanto, e dado o desafio que é escrever sobre uma “modalidade” que me é particularmente querida, aventurei-me neste desígnio, agradecendo desde já o convite que me foi endereçado, algo que me deixa bastante lisonjeado. Quando as pessoas se lembram de nós para uma tarefa tão importante, a nossa única preocupação é não defraudar quem confiou em nós para desenvolver esta tarefa.
Posto isto, resta-me aproveitar esta oportunidade para escrever e de certa forma opinar sobre o futsal em geral.
Neste particular vou começar por escrever sobre a importância da formação no futsal. São por demais evidentes as dificuldades que as equipas têm actualmente em “contratar” jogadores para as suas equipas seniores, seja porque não têm formação e há imensa dificuldade em deslocar jogadores de outras zonas, ou porque tendo formação continuam a deslocar jogadores de outras zonas não apostando em jogadores formados localmente. Aqui surge a primeira questão. Se não aproveitam os jogadores formados localmente porque não têm qualidade suficiente para integrar o plantel sénior, no entender dos seus responsáveis, então é porque se calhar, não estão a trabalhar de forma competente na referida formação.
Assim sendo deverão questionar-se e reflectir sobre, quais devem ser os princípios orientadores que regem os escalões de formação. É que formar jogadores não é só ensinar os pré-requisitos específicos da modalidade. É mais complexo e mais moroso. E se entendermos a formação como um processo longo, descontínuo e que exige muita paciência, facilmente entendemos o porquê de muitas vezes assistirmos em campo a um conjunto de jogadores que são “cópias” de jogadores seniores, o que eu chamo “seniores em miniatura” jogando como robots, sem objectividade e principalmente sem perceberem o que andam a fazer. Como tudo na vida a aprendizagem é mais eficaz se percebermos o porquê das coisas. Não basta dizer “fazes assim porque eu quero…”, é necessário explicar o porquê para que o jovem jogador perante uma situação nova tenha capacidade de improvisação e adapte os conhecimentos às situações novas por forma a resolver os problemas que vão surgindo no jogo. Numa situação de jogo os treinadores não podem prever o que os antagonistas (defensores) vão fazer durante o jogo ou em determinadas situações. É aí, que com base nos pré-requisitos que lhes vamos dando ao longo do processo complexo do treino, os nossos jogadores têm que resolver o problema com que se deparam. O que é que eu quero dizer com isto? Não podemos treinar jovens utilizando a mesma metodologia de treino que utilizamos com adultos, nem podemos querer que os nossos jogadores jovens joguem como os seniores. Temos sim, que lhes dar as bases que lhes permitam crescer enquanto jogadores, mas também como Homens, e ter paciência para os erros que eles vão cometendo com insistência. Muitas vezes deparamo-nos com uma “regressão” em termos de treino dos processos anteriormente assimilados. Esta regressão é perfeitamente normal em jovens e devemos aceitá-la como fazendo parte da sua formação. A consolidação é um processo longo e que exige paciência, cuidado e perseverança.
Todo o trabalho desenvolvido deve ser assente em objectivos bem definidos e significativos, ou seja, não podemos estabelecer metas que à partida sabemos que são difíceis de concretizar. Devemos pois, assentar o nosso trabalho em objectivos simples e com critérios de êxito adequados ao escalão etário e nível dos praticantes de que dispomos.
Cuidado com a especialização precoce! Todos os jovens jogadores devem, dentro da medida do possível, passar por todas as acções do jogo e sem funções específicas, quer em termos tácticos quer em termos de posicionamento. O cumprimento de todas as etapas de formação e o respeito pelos princípios metodológicos do treino são a base de uma boa formação desportiva.
Em conclusão, a escolha do treinador para treinar um escalão de formação tem que ser criteriosa e corresponder ao perfil estabelecido para o cumprimento dos pressupostos atrás mencionados. Nem sempre um bom treinador de seniores é bom treinador de formação e vice-versa. 

Boas Férias a todos e os desejos de uma excelente época desportiva 2007/2008

 Ricardo Diniz

Licenciado em Educação Física e Treinador de Futsal

 

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