O Eterno Problema da Campionite

� vasta a literatura dedicada à problemática do treino com jovens. São frequentes os debates sobre esta temática um pouco por todo o pa�s. Figuras reconhecidas do nosso desporto, como: Jorge Adelino, Ol�mpio Coelho, Jorge Vieira, têm-se dedicado apaixonadamente ao projecto P�dio para Todos (projecto destinado a valorizar, reconhecer e caracterizar o contexto do desporto para jovens). Da� que, os treinadores e dirigentes, que conduzem o processo de formação desportiva de, diga-se, cada menos crianças, no nosso pa�s, não careçam de informação que os auxiliem nesta nobre tarefa.
Entre os muitos temas abordados na literatura destinada ao desporto jovem destacam-se referências à imprescind�vel diferenciação da realidade do desporto praticado pelos adultos e pelos jovens, à necessidade de valorizar o processo de formação como um todo em detrimento da obsessão pelos resultados, à particular atenção dada ao tipo de competições proporcionadas aos jovens (na maioria dos casos uma c�pia das competições dos adultos).
Se assim Ã? porque Ã? que pouco mudou?
Porque continuamos a assistir a jogos de escalões de formação temperados com um berreiro infernal, onde pouco se ouvem verbalizações destinadas ao incentivo e valorização das acções positivas dos jovens? Que razão existe para que se valorize excessivamente um record batido por um atleta de 12 anos de idade, quando 6 anos depois, provavelmente, já nem pratica a modalidade? Porque � que a competição de jovens não funciona como um complemento das diferentes etapas do processo de ensino e abordagem de uma determinada modalidade?
� uma convicção pessoal que, muitas das decisões tomadas na concepção das competições de jovens, prendem-se com a obtenção de resultados. Creio que estas mesmas decisões constituem a sintomatologia t�pica de campionite, ou seja, o desejo obsessivo pelas vit�rias. De facto, o desejo de reconhecimento pessoal dos treinadores envolvidos, atrav�s dos resultados desportivos com jovens dos 8 aos 14 � frequente e leg�timo mas nem sempre � conduzido dentro dos princ�pios e objectivos do desporto jovem.
Como contrariar esta tendência, por vezes obsessiva e doentia? Não � uma tarefa fácil, mas poss�vel. Talvez se pudesse começar por reconhecer o trabalho e empenho dos treinadores de jovens, que por vezes com poucos recursos e condições de trabalho conseguem motivar jovens praticantes para prática de uma determinada modalidade desportiva. Estou crente de que a melhoria da formação inicial e cont�nua dos treinadores de jovens lhes dariam mais competências para reflectirem sobre as caracter�sticas das competições em escalões mais baixos.
Mas…sejam quais forem as melhorias ou evoluções verificadas a este nÃ?vel, não haverá transformação de valores e ideais enquanto a consciência individual das responsabilidades e funções dos agentes desportivos não proporcionar uma consciência colectiva capaz de influenciar todos aqueles que intervêm junto da população desportiva jovem. Sejam eles Treinadores, Árbitros, Dirigentes e acima de tudo os Pais. Não esqueçamos a frase sábia de um treinador americano universitário de Basquetebol: ?aquilo que nÃ?s somos e fazemos falará sempre mais alto do que aquilo que realmente dizemos?

João Ribeiro
(Treinador de Basket do NDAP)

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