de Leiria a Santo Amaro

Tinha eu os meus 8/9 anos quando um amigo meu de escola me sugeriu que fosse treinar às camadas jovens do União de Leiria. Como amante de desporto e em particular do futebol, naturalmente que aceitei esse convite. A�?, passei pelas escolinhas, infantis, iniciados e um ano e meio pelos juvenis. Comecei a ganhar um carinho especial pelo clube e em contrapartida, um certo sentimento negativo em relação ao clube rival, os Marrazes.
Falava-se no União que nos Marrazes era sÃ? “pretos”, sÃ? ladrões, pessoas sem cultura, gente agressiva, etc…
Começei a aperceber-me de que o clube que eu representava, apesar de historicamente ser o melhor da região, apesar da palavra derrota quase não existir no nosso vocabulário, não se coadunava com os prÃ??ncipios Ã?ticos do desporto. Não ficava bem por exemplo saber por via de um dirigente, que havia jogadores que recebiam ordenado e outros não; que havia pais que pagavam ao treinador para o seu filho jogar a titular;que havia drogas entre jogadores… em suma, havia todo um ambiente que me fazia pensar na não continuidade no clube.
No meu segundo ano de juvenil, pedi ao coordenador das camadas jovens para ser emprestado a outro clube visto não estar satisfeito com as situações atrás referidas. Foi-me recusado já que segundo ele, era um titular desta equipa e não havia razões para a minha sa�da. Fiz-lhe ver que não estava em causa essa situação mas sim outros valores mais importantes que isso. Perante nova recusa, tomei a decisão de abandonar a meio da �poca o Leiria, mesmo sabendo de antemão que, provávelmente, iria ficar parado o resto da temporada.
Curiosamente, semanas mais tarde, o treinador foi despedido e passou a treinar a equipa junior dos Marrazes. Este ligou-me a saber qual era a minha disponibilidade em representar o clube, proposta essa que não recusei apesar de todo o clima de suspeição em torno dos Marrazes.Fui pedir ao Leiria a carta para jogar, sendo esse mesmo recusado.
Sem poder jogar, continuei a treinar com os juniores dos Marrazes, mesmo sendo juvenil e não tendo carta. No ano seguinte, deram-me a carta. Cumpri o meu primeiro ano de junior pelos Marrazes e comecei a ganhar por este tremendo afecto ( que dura at� hoje ). Fiz os anos de junior e o curioso � que realizei um jogo de treino contra o santo amaro e tive a oportunidade de jogar nesse jogo contra um amigo meu chamado Micael. Na altura, gozei com ele com o facto de ele estar num clube sem tradição, numa equipa fraca e de pouca qualidade.( nunca me passou pela cabeça jogar um jogo oficial contra o Santo Amaro quanto mais representá-lo).
Cheguei aos sÃ?niores ao qual tenho orgulho em dizer que tive o prazer de representar os Marrazes, um clube diferente. ApÃ?s uma boa Ã?poca, tanto colectiva como individual, surgiu a oportunidade de pela primeira vez na minha vida desportiva, ganhar dinheiro a fazer aquilo que mais gosto; fui jogar para o Arcuda, em Albergaria dos Doze.
Apesar de pessoalmente a �poca ter sido um fracasso, a experiência foi boa e fez-me ver que a n�vel amador, se calhar não vale a pena jogar em clubes que nos dizem muito pouco por meia dúzia de tostões.
Com essa ideia, pensei bem e cheguei à conclusão que nesta �poca, que agora decorre, iria jogar num clube que tivesse amigos, que não houvesse intrigas, portanto, um clube com esp�?rito de grupo e de união.
Surgiram-me várias propostas, clubes bons e a pagar ordenados como o Bidoeirense, o Marinhense, o Chão de Couce, tambÃ?m alguns contactos com o Ansião e sem qualquer compromisso financeiro, o Marrazes e o Santo Amaro. A minha indecisão era entre os clubes que não pagavam já que aos outros a resposta negativa foi imediata. Estava perante uma situação delicada visto ter um dos meus melhores amigos que jogava no Santo Amaro a “competir” com um dos clubes do meu coração. Acabei por escolher o Santo Amaro não sÃ? por causa do meu amigo Pedro (e tambÃ?m de amigos que lá tinha e tenho) mas tambÃ?m por uma sÃ?rie de situações que não interessa agora precisar.

B.Rocha

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