Quinze dias depois do último confronto entre Riachense e Fátima – o anterior contava para a fase de grupos da Taça do Ribatejo -, os dois emblemas voltaram a medir forças, agora para o campeonato distrital, onde o Fátima prossegue o seu tranquilo passeio.

Contudo, e já tinha acontecido no jogo anterior, a formação do concelho de Ourém não mostrou ser o bicho papão que parece ser tendo em conta a sua (boa) situação classificativa, embora se deva reconhecer que o plantel está bem apetrechado e que há matéria prima para dar o clube o que anseiam os seus dirigentes e investidores: o regresso aos escalões nacionais já este ano.

Não é isso que está em causa. O que acontece é que a equipa percebe que, a esta altura do campeonato, tem os seus objectivos muito bem encaminhados e, talvez por isso, defronte os seus adversários com alguma sobranceria desnecessária.

Só assim se explica que a primeira parte do Fátima e um grande pedaço da segunda tenham sido fracos e enfadonhos. Na verdade, a equipa só carregou nos últimos 20 minutos de jogo quando percebeu que não restava alternativa: ou despia o fato de gala e colocava o fato de trabalho ou não haveria como somar os três pontos, a não ser com um golpe se sorte, como o que aconteceu quando chegou ao 0-1.

Esse tento madrugador, refira-se, surgiu aos 12 minutos, por Miguel Neves, num lance que que Gonçalo parecia ter a bola ao seu alcance mas um pontapé desajeitado no ar fez o esférico sobrar para Miguel Neves que só teve de empurrar para o fundo das redes. Nos 10 minutos antecedentes já o Riachense, muito mais combativo no terreno, tinha criado duas situações de golo, a primeira logo nos primeiros segundos de jogo, por Freitas.

A vencer o Fátima tentou embalar o seu adversário que mostrava a quem assistia ao jogo muito mais vontade em vencer a partida, pela atitude e solidariedade dos seus jogadores. Esse espírito deu frutos aos 41 minutos quando, na transformação de um livre, Luís Moleiro restabeleceu a igualdade com um golpe de cabeça.

Mas a euforia rapidamente se tornou em desilusão pois, no minuto seguinte, o mesmo jogador viu o segundo cartão amarelo após uma falta atacante, junto à grande área do Fátima. Com menos uma unidade em campo o treinador do Atlético tirou Tiago Silva que estava completamente ausente do jogo e fez entrar Bernardo Marques, cuja agressividade em campo abonou a favor da equipa.

No regresso das cabines a equipa da casa, com menos um em campo, organizou-se e fez com que não se percebesse que existia essa inferioridade numérica, e manteve o espírito de sacrifício já demonstrado na primeira etapa, enquanto o Fátima, em menor esforço, ia fazendo o seu jogo.

Só a partir dos 70 minutos, sensivelmente, e com a entradas de Jorge Neves e Ednilson, o Fátima tornou-se mais assertivo e procurou, de forma mais evidente, o golo da vitória, que surgiria aos 86 minutos, por Jorge Neves.

Antes do golo o Fátima tinha tentado, de longe, surpreender Rui Galrinho que se havia aprumado em duas defesas de grau de dificuldade enorme. No Riachense Filipe Pereira, muito sozinho e desapoiado na frente, ainda conseguiu empurrar a sua equipa num ou noutro lance, quando fugiu para as linhas e cruzou, mas os seus companheiros já não tinham pulmão para o acompanhar.

A poucos minutos do fim o árbitro do encontro terá voltado a exceder-se ao expulsar Filipe Pereira, num lance em que se desentendeu com um adversário, mas o cartão foi claramente um exagero, como tinha sido o segundo mostrado a Moleiro. E disso se queixaram os riachenses que protestaram efusivamente as decisões de Hélder Pardal.

CA RIACHENSE: R. Galrinho, J. Alves, Gonçalo (Marco Gomes), Paulito, Moleiro, Filipe Pereira, Bernardo Martins, Freitas, Júlio Batista, T. Silva (Bernardo Marques), Nalha. Golo: Moleiro (41`). Amarelos: Moleiro (2), Filipe Pereira (2), Freitas, J. Batista, M. Gomes, B. Marques. Vermelhos: Moleiro (42`), F. Pereira (83`). Treinador: Mário Nelson.

CD FÁTIMA: Nuno Ribeiro, Fábio Coça, André Sousa, B. Heleno, João Martins, M. Neves (Cédric), Sérginho, Abdull Iran, Nelson Sousa (Jorge Neves), M. Gonçalves (Ednilson), Laranjeiro. Golos: M. Neves (12`), Cédric (82`). Amarelos: André Sousa, João Martins, M. Neves, Sérginho. Treinador: João Henriques.

Campo Coronel Mário Cunha
Arbitragem: Hélder Pardal, auxiliado por João Ricardo e Miguel Santos.
Ao Intervalo: 1-1

jornal torrejano