“Um clube com esta dimensão tem que obrigatoriamente pensar em atacar todas as frentes”

Aos 24 anos, Ângela Bernardino (Piolho) deixou a Pocariça e vai ingressar na equipa recém criada da Casa do Benfica de Leiria. Em entrevista ao nosso site fala da sua carreira, ambições e sonhos.

Nesta entrevista explica, ainda, como surgiu a alcunha de Piolho. A jovem, de 24 anos, reconhece que a alcunha pegou e todos a tratam assim.  Vamos conhecer melhor a Piolho, uma das melhores futsalistas do distrito de Leiria.

Quais os motivos que a levaram a aceitar o convite da casa do Benfica de Leiria?

A Casa do Benfica de Leiria idealizou um projecto que qualquer jogadora a nível distrital  ou nacional sonha em fazer parte. A possibilidade de estar dentro desse projecto deixou-me extremamente motivada. É um clube organizado e ambicioso que dá todas as condições para  chegarmos ao sucesso.

A CBL também me possibilitou abraçar um projecto pessoal, voltar a treinar uma equipa. Sendo assim, e perante a grandeza do projecto e do clube, a minha resposta aquando o convite só poderia ser sim.

Quais são os objetivos para a próxima época?

Um clube com esta dimensão tem que obrigatoriamente pensar em atacar todas as frentes. Ou seja, ser campeão distrital e ganhar a taça distrital. No entanto, sabemos que o distrital de  Leiria tem excelentes equipas e temos que trabalhar muito para que os nossos objectivos possam ser alcançados. A nível pessoal, tenho como principal objectivo continuar a divertir-me e poder contribuir para o sucesso da equipa.

Porque não aceitou o convite do Louriçal?

O Louriçal é uma grande equipa com grandes jogadoras,  um projecto muito interessante e com consistência. É um clube que eu admiro e tenho todo o respeito pelo trabalho que fazem.Têm no seu leque de jogadoras, a minha jogadora de referência, a Lu.

Na época passada foi-me feito também o convite, no entanto, jogava no CPRPocariça e sentia-me em “casa”, rodeada de uma família, talvez por ser colaboradora no clube tinha uma ligação mais directa com os simpatizantes do clube. Este ano a proposta voltou a surgir, mas decidi abraçar outro projecto, no qual eu penso poder contribuir para que ele possa crescer.

Foram proposta diferentes, uma seria para jogar a nível nacional, outra seria para começar do zero e poder voltar a treinar uma equipa. Penso que às vezes é bom recomeçar. Aprender. Evoluir. O futuro é uma incógnita.

A continuidade da Pocariça está em perigo?

Não. A Pocariça vai continuar porque tem pessoas que nunca deixarão aquele clube ir abaixo. Dedicação, empenho e espírito de sacrifício são as palavras que podem caracterizar as pessoas que estão à frente da equipa feminina. É dos poucos clubes onde passei que existe e eu senti amor à camisola.

Quem passa não esquece a maneira como somos tratadas, o carinho que nos devotam. Quando umas jogadoras decidem sair, outras decidem entrar. Tenho a certeza que para o ano vão continuar com uma excelente equipa e como fortes candidatos.

Fale-nos do seu percurso desportivo.Quais os clubes por  onde passou?

O inicio do desporto na minha vida começou com o kickboxing por fortes influências do meu pai, depois pratiquei andebol, porque queria imitar a minha irmã. Ainda como praticante de kickboxing durante muito tempo, decidi ir experimentar o futebol 11 no GRAP, mas achei que não era para mim.
Um dia estava em casa  e um conjunto de raparigas da terra vieram chamar-me a casa para ir jogar à bola para o ringue da terra. Foi aí que começou a paixão pelo futsal.

Comecei a jogar no C.R. Casal dos Matos, depois o clube acabou, continuei na terra mas a jogar pelo GRAP, onde fiquei durante alguns anos. Surgiu no meu 11º ano a possibilidade de jogar pelo CEF em Santarém, onde aprendi muito. Voltei novamente para o GRAP que no entretanto acabou e fez uma parceria com o União de Leiria onde fiquei uma época.

Era complicado estudar fora e jogar, por isso, optei por jogar na Guarda.  Joguei futebol 11 na Fundação Laura dos Santos e futsal pelo Sporting Clube Paços da Serra.Depois, quando terminei o curso, decidi ir para a arbitragem.Contudo,  o bichinho da bola fez com que voltasse a jogar, e assinei pela Pocariça, onde joguei 2 épocas.

Concorda com o modelo competitivo que se encontra em vigor?

Não. É impossível concordar com um modelo competitivo que desgasta as equipas com jornadas duplas sucessivas. Faz com que façamos muitos jogos sempre contra as mesmas equipas e que nunca joguemos contra outras. Se o problema é o tempo onde se tem que decidir quem vai disputar a taça nacional, comecem o campeonato mais cedo.

Não é necessário torneios de abertura, apuramento de campeão e torneio de encerramento. Mais valia terem continuado com a 1ª divisão e a divisão de Honra. Tornava-se mais competitivo a todos os níveis.

Teme que o numero de equipas possa continuar a ser cada vez menos no futsal feminino?

Infelizmente existem equipas que acabam, mas também existem equipas que começam. Quando comecei a jogar, existiam muitas mais equipas que há agora. O futsal feminino tem vindo a crescer, mas o poder financeiro tem vindo a diminuir. Talvez seja esse um dos principais motivos para que o número de equipas possa diminuir.

Considera que deveria voltar a haver duas divisões?

Sem dúvida. Tornava o campeonato mais competitivo. Equipas a lutar para subir de divisão, outras a lutar para não descer, equipas a lutarem para serem campeãs. Poderiam existir muitos mais objectivos para as equipas. Iriam certamente promover projectos mais duradouros.

Como surgiu a alcunha de Piolho?

É uma história longa. Mas posso dizer que é uma homenagem à forma como uma grande amiga me tratava. E como primeiro estranha-se e depois entranha-se, acabou por ficar. Muita gente ainda hoje não sabe o meu nome, mas sabe a minha alcunha. E posso até dizer, que quando me chamam pelo meu nome raramente respondo porque não estou habituada. Chegamos ao cumulo da minha própria mãe, quando me vai ver jogar, chamar-me por Piolho.

Continua a ter vontade de jogar na 1.ª divisão?

Eu considero-me uma pessoa muito sonhadora, a todos os níveis. Qualquer atleta gostaria de chegar o mais longe possível. Jogar na primeira divisão é um dos meus objectivos. Não descarto a ideia de poder jogar além fronteiras. É muito importante sermos ambiciosos. Se não sonharmos estagnamos, deixamos de evoluir e aprender. E eu não quero isso para mim nem no desporto nem na vida. No entanto, temos que saber dar os passos certos, não passar por cima de ninguém e ter uma estrelinha do nosso lado que nos possa ajudar a abrir portas.

 

 

 

 

 

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