AF.Aveiro I “Lugar do Pampilhosa é no Campeonato de Portugal”

Despromovido aos Distritais em 2017, depois de quinze anos ininterruptos nos Campeonatos Nacionais, o Pampilhosa prepara-se para iniciar, oficialmente, a sua terceira temporada consecutiva na Divisão de Elite da AF Aveiro.
A formação oriunda do concelho da Mealhada, que chegou a “medir forças” com Sporting e Sp. Braga na Taça de Portugal, parte para esta temporada como um dos candidatos à subida ao Campeonato de Portugal, depois de ter terminado em quinto e em quarto lugar nas duas últimas épocas.
Pitéu, defesa central dos “ferroviários”, esteve à conversa com o blog, ele que vai para a segunda temporada no clube, e que nos começou precisamente por falar sobre a sua chegada ao futebol aveirense, revelando, também, os seus objetivos pessoais para a nova época:
“Confesso que a decisão no ano passado não foi nada fácil. Tinha propostas de CNS bastante boas a nível financeiro, mas claramente que o facto de ser o mister Maná – um dos meus ‘Pais do futebol’ e a quem devo muito – a incentivar-me de que a Distrital de Aveiro estava a um nível muito próximo de CNS, de que a equipa seria muito boa, que o clube era top, relva excelente, próximo de Coimbra, treinar cedo e chegar a casa cedo, tudo isto conjugado, levou-me à decisão que tomei e da qual não me arrependo nada. Estou muito feliz no Pampilhosa. Apenas acho que o lugar deste clube é claramente no Campeonato de Portugal. A continuação no Pampilhosa para este ano, por todos os motivos que já referi, aliados à vinda de um treinador do qual sou grande amigo na esfera pessoal, fizeram com que continuasse mais uma época sem grandes hesitações. A nível individual, claro que os objetivos passam por ser o mais regular possível na época, ajudar a minha equipa a ser uma das melhores defesas do campeonato, e, acima de tudo, não ter qualquer problema físico que me impossibilite de jogar algum jogo”, afirmou.
Tido, como já foi referido, como um dos principais candidatos a lutar pela subida ao Campeonato de Portugal, o Pampilhosa tem em Rui Miguel, avançado e ex-jogador de Académica e Gil Vicente, entre outros clubes, o reforço mais sonante para a nova época, isto depois de num passado recente ter tido Joeano e Alex Garcia no seu plantel.
Sem rodeios, Pitéu admite que a sua equipa tem a responsabilidade de lutar pela promoção e que tudo fará para o conseguir, apesar de, obviamente, não estar sozinha nessa luta, e sublinha ainda que na temporada anterior, talvez tenha faltado à equipa uma maior estabilidade e consequente regularidade:
“O objetivo do Pampilhosa, independentemente dos jogadores e equipa técnica que tenham, será sempre andar nos lugares de cima da tabela classificativa. Este clube é de Nacional, e, como tal, mesmo conscientes de que existem outras equipas muito fortes e com o mesmo objetivo, claro que temos de assumir que tudo faremos para subir. Sobre a época passada, creio que não há nenhuma razão clara para o que aconteceu, mas talvez apontasse como ‘chave’, a estabilidade emocional e a regularidade. Não vou apontar nada à arbitragem, porque, logicamente, nós é que somos os principais responsáveis, porque somos nós que estamos lá dentro e somos nós que decidimos, mal ou bem, mas senti que muita gente não queria o melhor para este clube. Passou-se muita coisa que nós, infelizmente, não controlamos e nem queremos pensar mais nisso. Basicamente, se começássemos bem o campeonato, estando logo ‘lá em cima’, com vitórias em vez de empates (o que estava completamente ao nosso alcance), todos nos respeitariam muito mais, jogávamos mais tranquilos e abordaríamos todos os jogos com uma tranquilidade natural, algo que, muitas vezes, não acontecia, porque sentíamos que éramos muito muito mas muito melhores, o golo tardava em chegar, e, depois, a ansiedade de ganhar apoderava-se de nós. Mas este ano, quase todos os jogadores já conhecem bem este campeonato e será muito mais tranquilo nesse aspeto. Não queremos mesmo que ninguém nos ajude, o sucesso tem de ser alcançado por nós e pelo nosso trabalho, mas também não queremos que nos prejudiquem”, vincou.
São cerca de sessenta os quilómetros que separam a terra natal de Pitéu da terra onde exerce a prática do futebol: natural de Pombal, onde reside, o central tem a sua vida profissional estabelecida em Coimbra e joga no Pampilhosa, que apesar de ser Distrito de Aveiro, está na fronteira com o distrito conimbricense.
Além desta experiência na AF Aveiro, Pitéu já atuou no “seu” Distrital da AF Leiria, e na hora de estabelecer as diferenças existentes entre estas duas associações, o atleta destaca a maior capacidade financeira existente no Distrito de Aveiro, assim como a AFATV, plataforma que filma e disponibiliza online todos os jogos e respetivos dados, como equipas iniciais, substituições e golos, da Divisão de Elite aveirense:
“Sinceramente, acho que a Associação de Aveiro está muito à frente da de Leiria. A organização que está por detrás do site que disponibiliza os jogos filmados e os melhores momentos, é incrível. Estão de parabéns. Em Leiria existem também muitos jogadores com qualidade, mas o que falta mais é poder financeiro aos clubes. Para se ter uma noção, os clubes da I Divisão Distrital de Aveiro, o equivalente ao segundo escalão, pagam bem mais do que os clubes que lutam para subir ao Campeonato de Portugal na AF Leiria. E pensando que não, muitos jogadores precisam do dinheiro para a sua vida, e então tentam fugir para o Campeonato de Portugal ou para os distritos próximos. Penso que a distrital de Leiria é também ela mais desiquilibrada. E se esquecermos o ano passado, em que o Marinhense fez do campeonato um ‘passeio’, nunca há assim muitos clubes com o objetivo claro de subir. É mais ‘deixa andar’, porque depois isso de subir acarreta muitas despesas, que muitos desses clubes nunca teriam condições de pagar. Também a nível de relvados naturais em Leiria, há muito muito poucos em comparação com Aveiro”, destacou.
Com larga experiência na II Divisão B/Campeonato de Portugal, escalão onde já atuou ao serviço de Sp. Pombal, Sourense e Mortágua, Pitéu soma cento e vinte e seis partidas e cinco golos no terceiro campeonato do nosso futebol.
Atualmente com 29 anos, o jogador levantou a “ponta do véu” relativamente ao seu futuro, admitindo que o final de carreira ao serviço do “seu” Sp. Pombal é quase certo, mas, até lá, tem outros objetivos e um deles passa por subir juntamente com o Pampilhosa pelo menos até ao Campeonato de Portugal:
“Neste momento, gostava mesmo de ajudar a colocar a ‘Pampi’ no campeonato de onde nunca deveria ter saído, para depois, quem sabe, com um projeto ainda mais aliciante, se lutar por algo mais. Julgo que o clube tem plenas condições para tal. Cada vez mais, a minha vida profissional e familiar me metem à prova se vale a pena continuar, e a verdade é que, felizmente, consigo conciliar tudo para continuar a fazer o que mais gosto, que é jogar futebol. Tenho uma namorada incrível, que me apoia incondicionalmente, e um trabalho que me permite treinar a qualquer hora do dia – daí regressar ao CNS era algo de que gostava mesmo. Um final de carreira no Sporting de Pombal é quase certo. Foi o clube onde fiz a minha formação, que fica a um minuto de minha casa e onde conheci muitos dos meus grandes amigos de hoje. Foram muitos jogos e muitas conquistas (tínhamos uma geração incrível), em que pusemos o Pombal na I Divisão Nacional de Juniores, por exemplo, em que pudemos ir jogar contra Sporting, Benfica, Marítimo, Nacional, V. Setúbal, Belenenses, Estoril, Louletano, Farense, entre outros clubes. Era um campeonato com ‘tubarões da bola’, onde o Pombal estava inserido e tivemos uma experiência incrível. Agora, quando temos jantares de amigos, falamos de regressar todos ao Pombal, e é algo que, a meu ver, fará todo o sentido. Posso mesmo dizer que é um dos meus dois clubes do coração”, frisou o camisola dezoito do Pampilhosa, que não terminou a nossa conversa sem nos contar a origem da sua alcunha:
“(risos) Essa alcunha vem desde os meus três/quatro meses de idade. Todos os dias, os meus pais iam beber café lá perto de casa, que era de uns amigos, e levavam-me na alcofa. Depois, a dona do café começou a dizer à minha mãe: ‘lá vem o pitéuzinho’, ‘deixa-me agarrar o pitéuzinho’, etc. Isto foi passando e os meus amigos de infância, com quem jogava futebol na rua, também frequentavam esse café e começaram a chamar-me Pitéu (como era muito mais fácil do que Alexandre), ficou para sempre e no ‘Mundo do futebol’ todos me conhecem por Pitéu. Já partilhei o balneário com amigos que só ao final de anos descobriram o meu verdadeiro nome, e isto antes de haver redes sociais (risos). E acontece muito pesquisarem por Pitéu para me encontrarem e não encontram (risos)”, concluiu, com uma bonita história, Alexandre Mota.
Formado no Sp. Pombal, onde entrou com doze anos para os Infantis, Pitéu percorreu todos os escalões do emblema verde e branco até chegar à equipa sénior, pela qual se estreou ainda com idade de júnior na extinta III Divisão Nacional. Como sénior, além dos pombalenses, já representou Pedroguense, Pousaflores, Sourense, Pelariga e Mortágua, de onde se mudou para o Pampilhosa em 2018.

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